Startups em Portugal: um ecossistema em crescimento
Ainda jovem, o ecossistema português de startups tem vindo a crescer a ritmo acelerado e constante, representando atualmente 1,1% do PIB nacional.
Ainda jovem, o ecossistema português de startups tem vindo a crescer a ritmo acelerado e constante, representando atualmente 1,1% do PIB nacional. Os últimos cinco anos foram particularmente significativos nesta evolução positiva e a isso não será alheio o facto de Portugal estar cada vez mais no radar, nomeadamente por força do interesse turístico, mas não só. Fatores como a segurança, qualidade de vida, clima, talento e ambiente propício aos negócios têm também vindo a atrair investidores para o nosso país. Em 2020, o investimento em startups atingiu os 436 mil milhões de euros.
Sendo certo que o mundo das startups tem tanto de atrativo como de arriscado, esta é uma área plena de oportunidades e onde ainda há muito para crescer e consolidar este ecossistema enquanto espaço dinâmico e de forte expansão e desenvolvimento.
Por ecossistema de startups entende-se o conjunto de agentes e organismos que criam as condições para o surgimento destes projetos empreendedores. Neste universo estão incluídos os recursos humanos, claro, mas também universidades, empresas, investidores, aceleradoras, mentores e Governo. Da qualidade destes ecossistemas depende, em grande medida, o sucesso dos projetos que vão surgindo.
Como se caracteriza o ecossistema português
Dos cerca de 436 mil milhões de investimento atraído para startups portuguesas, perto de 80% tem origem em investidores estrangeiros. Existem mais de duas mil startups ativas e cerca de 160 incubadoras. Das startups em funcionamento, aproximadamente 33% atuam no setor das tecnologias de informação. Seguem-se áreas como o turismo, a energia, a educação ou as ‘fintech’. O conjunto das startups existentes em Portugal empregam mais de 25 mil pessoas.
Apesar de ser um ecossistema ainda jovem, Portugal é já uma exceção (pela positiva) no que diz respeito ao número de unicórnios que soma. Dos apenas 208 que existem no espaço europeu, 7 são empresas portuguesas, claramente acima do que seria de esperar, se se comparar com a população ou o PIB do país e numa área em que as probabilidades de uma startup atingir o patamar de unicórnio não são propriamente animadoras.
Por outro lado, esta é uma atividade com presença geográfica bastante diversificada, estando longe de ser um fenómeno observável apenas nos dois principais centros urbanos portugueses (Lisboa e Porto). Estão implementadas de norte a sul de Portugal e nas ilhas. O facto de muitas estarem atuarem no segmento das tecnologias de informação facilita esta dispersão pelo território. Ainda assim, aproximadamente 24% das startupsnacionais nasceram no norte do País e outras 24% estão no centro do país. No Porto está 10% do total e em Lisboa 18%.
Face à reduzida dimensão do mercado português, as startups nacionais tendem a ter, sempre que possível, ambições de internacionalização, sobretudo no espaço europeu, mas também para outros destinos, como os EUA. Algumas já nascem, de raiz, com uma lógica de atuação global e não doméstica apenas.
Como a StartUP Portugal tem referido, o objetivo agora é atingir, até 2024, os mil milhões de euros de investimento angariado, chegar à marca das cinco mil startups em incubação e conseguir que este ecossistema contribua o dobro para o PIB, ou seja, que assuma um peso de 2,2%. Esta entidade foi criada pelo Governo em 2016 para promover a criação e desenvolvimento de um ecossistema à escala nacional, atrair investimento, apoiar as startups em todas as suas fases de investimento e promover a sua expansão no exterior.
Atrativos de Portugal
É hoje consideravelmente consensual que Portugal reúne um conjunto de condições que fazem do nosso país um destino apreciado pelos investidores e agentes para o desenvolvimento de startups. Portugal surge frequentemente como ideal para startups de comércio eletrónico, energia, ambiente, tecnologia alimentar e retalho, podendo observar-se a presença de empresas que, ainda que pequenas, crescem a um ritmo acelerado.
A seu favor o país conta com qualidade de vida, bom clima, custo de mão-de-obra baixo, segurança e talento.
Depois, o nosso país surge cada vez mais como ‘the place to be’ enquanto lugar de tecnologia. Para tal contribuiu também a vinda, em 2016, da Web Summit para Portugal. A chegada de capitais internacionais e com experiência, a par do amadurecimento dos investidores locais, também têm atraído know-how na área proveniente do exterior.
Depois, Portugal é um dos países com políticas mais favoráveis de atração de investimento estrangeiro, ao mesmo tempo que tem feito um enorme desenvolvimento em matéria de transição digital da administração pública e do setor privado, sendo igualmente um território fértil em incubadoras e aceleradoras de startups.
Apesar do expressivo crescimento dos últimos anos, Portugal está ainda longe do que seria desejável nesta área. O número de startups ativas no nosso país é ainda bastante inferior à média europeia per capita, longe de poder ser comparável com praças como Londres, Paris ou Berlim, por exemplo. Acresce que concorrentes como a Polónia, a Roménia e os países bálticos estão a aproximar-se a passos largos. Há, por isso, muito ainda para caminhar.