O mundo parece estar todo online! E o seu negócio?
O estado excecional, provocado pela pandemia, acelerou o processo de transformação digital das empresas, dos processos de trabalho, dos comportamentos de consumo, das relações pessoais. As portas físicas deram lugar a janelas digitais e, parece que, de repente, o mundo estava todo online! E os pequenos negócios, como se ajustam a esta realidade?
Este é um caminho sem retorno e cujo trajeto já está a ser desenhado pelo Governo Português, nas suas múltiplas dimensões.
Enquanto o desenho ganha forma, a economia não pode parar e a pergunta que se impõe é: Como os pequenos negócios se podem ir ajustando?
A criação de canais online para os pequenos negócios de comércio local e tradicional
A pandemia trouxe-nos o retrato de duas realidades distintas: por um lado, grandes empresas de retalho onde as janelas digitais já estavam implementadas, mas incapazes de dar resposta às necessidades excecionais, exigindo investimentos na otimização dos processos de distribuição e logística; a conviver, por outro lado, com um comércio local cujo fator diferenciador parecia se ter tornado no seu maior opositor: a proximidade. Mas muitos destes comerciantes perceberam que proximidade era sinónimo de confiança e, que podiam manter os seus clientes fidelizados e até criarem novos, se fossem, agora a eles, ao encontro dos seus clientes e abrissem as suas janelas digitais.
Segundo a ACEPI*, parte destes pequenos negócios reinventaram-se, criando ou investindo nos canais digitais que já possuíam:
- Facebook ou Instagram: aproveitando a página existente, promoveram junto dos seus clientes a possibilidade de fazer as suas encomendas por mensagem ou por telefone.
- Loja online: para aqueles com maior capacidade de investimento foi um momento oportuno para avançar com uma decisão há muito adiada – a criação de uma loja online.
Esta foi uma realidade, sobretudo, para o setor alimentar (supermercados, talhos, peixarias, restauração, esta última aplicando o modelo takeaway ou entrega em casa, etc.).
Os desafios do mundo online: marketing, logística e distribuição
Para estes negócios que conseguiram passar para o plano digital, surgiam agora novos desafios: como promover os seus negócios online e como cumprir com as novas exigências da distribuição.
Marketing
Não basta estar online através das redes sociais (Facebook ou Instagram), é preciso alimentar a sua presença. Eis algumas dicas:
- Manter a página com a informação atualizada: os contactos e localização são fundamentais. Quando se comunica uma promoção, garantir que todas as condições são veiculadas de forma clara.
- Criar conteúdo de interesse para o seu target: o conteúdo veiculado é muito importante para fidelizar os seguidores. Por exemplo, se tiver um supermercado, disponibilizar conteúdos sobre cuidados alimentares, as mais-valias de produtos biológicos, sustentados por entidades idóneas gera confiança por parte dos seus seguidores.
- Disponibilizar suporte aos clientes: responder às solicitações/ questões dos seguidores o mais breve possível. Ao abrir a janela digital, deixar um cliente sem resposta pode significar perdê-lo.
- Investir em publicidade para promover o negócio: por exemplo, investir em PUB no Facebook ou em Google Adwords pode ser uma alavanca de crescimento. A vantagem é que pode ter um budget diário e medir o retorno da campanha.
A gestão de um negócio online engloba conceitos por vezes desconhecidos da grande maioria dos pequenos comerciantes, por isso, é importante apostar na formação e conhecer as potencialidades que as várias ferramentas podem oferecer ao seu negócio.
Logística e distribuição
Segundo um estudo do Grupo M, realizado em meados de abril, a pandemia provocou um crescimento do e-commerce entre 40% a 60%, face ao mesmo período homólogo. Os setores mais favorecidos com este crescimento foram: o entretenimento, cultura e subscrições (60% de aumento), o comércio alimentar e retalho (41% de crescimento) e a restauração, food delivery e take away (40% de aumento)**.
Com este crescimento, os desafios logísticos e de distribuição associados à gestão eficiente de stock são cada vez maiores. Parte do pequeno comércio ajustou-se para proceder às entregas solicitadas, outra parte estabeleceu parcerias com empresas de distribuição especializadas nesse serviço, como a Glovo ou a Uber Eats.
Com a procura aumentar, sobretudo no setor alimentar, uma das formas para fazer uma gestão mais eficiente, no caso dos pequenos comerciantes, é reduzir a variedade de produtos e marcas, circunscrevendo a oferta aos bens essenciais ou criar dois ou três tipos de cabazes. Desta forma, é mais fácil de gerir encomendas e controlar o stock.
Na área da restauração, pode-se aplicar o mesmo modelo no serviço de takeaway ou entrega ao domicílio: criar menu diário e uma seleção mais alargada de pratos ao fim de semana, fazendo os ajustes necessários de acordo com os pedidos recebidos.
O futuro – Quem é este novo cliente online?
Segundo o Barómetro Global da Kantar***, a pandemia deu forma a um novo cliente, caracterizado por ser mais digital, mais conhecedor do preço dos produtos e serviços e que dá mais valor à produção local. Este é um perfil que irá aumentar: o mesmo estudo aponta que 33% dos domicílios acredita que as suas compras online aumentarão no futuro.
A possibilidade de uma nova vaga é um tema recorrente. Se tal acontecer, este novo cliente será menos tolerante a filas de espera online, a entregas demoradas ou com falhas, ou dificuldades no contacto. É altura de fazer o seu plano de negócios e definir a sua estratégia. Há vários programas de incentivos a decorrer e o seu contabilista pode ser um grande suporte para o ajudar a escolher o que melhor se ajusta ao seu negócio.
*Nota: A Sage é parceira da ACEPI no relançamento do programa comércio digital, para ajudar as empresas a reativar os seus negócios.
**Fonte: Expresso.pt
*** Estas são três das tendências identificadas pela última vaga Barómetro Global da Kantar, realizado em mais de 50 mercados países, incluindo Portugal através da colaboração da Direção de Kantar Insights, do Grupo Marktest, representante em Portugal da Kantar Insights Division. Tendências duradouras. Fonte: Dinheiro Vivo