Diversidade, Equidade, Inclusão: Menos conversa. Mais ação.
A diversidade, a equidade e a inclusão (DEI) são os ingredientes essenciais para a criação de um ambiente de trabalho justo e próspero.
Portugal é um país de diversidade. Temos diferentes culturas, raças e línguas que tornam a nossa força de trabalho quase imparável – ou assim deveria ser. O que muitas vezes falta é a abordagem correta para gerir a diversidade nos negócios.
E é aí que entra a equidade e a inclusão.
A diversidade, a equidade e a inclusão (DEI) são os ingredientes essenciais para a criação de um ambiente de trabalho justo e próspero. Sem elas, a cultura da sua empresa poderá acabar por ser inexistente.
Mas o que é a DEI e porque é tão importante?
Neste artigo, exploramos o que significa DEI, porque é importante e o estado atual da DEI nas empresas portuguesas.
A diferença entre diversidade, equidade e inclusão
Diversidade
A diversidade são todas as características que nos tornam únicos. Inclui raça, etnia, orientação sexual, estatuto socioeconómico, sexo, religião, língua, idade, etc. É o que nos diferencia da pessoa que está do outro lado da sala.
Equidade
A equidade deriva da palavra “equitas” e está relacionada com a justiça no tratamento, acesso, oportunidades e progresso de todos. Nos negócios, vai um pouco mais longe do que simplesmente dar a todos o mesmo tratamento.
A equidade é muitas vezes confundida com igualdade, mas não são a mesma coisa. Igualdade significa prestar o mesmo apoio e oportunidades, independentemente das competências, necessidades ou capacidades das pessoas.
A equidade, por outro lado, significa um apoio prestado à medida das pessoas, com base nas suas capacidades e necessidades. Na perspetiva da equidade, uma empresa reconhece que cada colaborador tem um acesso diferente a recursos e privilégios e que aqueles com menos acesso podem precisar de mais ajuda para aproveitar ao máximo as oportunidades na empresa.
Inclusão
A inclusão é quando as pessoas se sentem seguras num ambiente que no início não lhes é familiar – como entrar na casa de alguém de uma cultura diferente e sentir-se imediatamente bem-vindo.
No local de trabalho, uma cultura inclusiva é aquela em que as pessoas se sentem seguras para falar, dar a sua opinião e expressar perspetivas diferentes sobre as coisas – sem medo de julgamento ou discriminação.
Mais especificamente, inclusão é quando os líderes da empresa removem barreiras, discriminação e intolerâncias, e encorajam todos os trabalhadores a envolverem-se, contribuírem e participarem no local de trabalho.
Vejamos o que significa na prática
Tem três colaboradores, todos de origens, culturas e línguas diferentes (diversidade), a trabalhar no mesmo escritório de contabilidade.
Quando surge uma oportunidade de promoção, não pode escolher um candidato com base na diversidade mas sim no seu desempenho e aptidão para o novo cargo. Os três são bons nas suas respetivas posições e devem ter uma oportunidade justa para se candidatarem ao novo cargo, independentemente das suas competências e capacidades (equidade).
Contudo, também deve ter em conta que outras pessoas da empresa, algumas das quais podem estar num departamento diferente – como o António do marketing, que também é um ás financeiro – também podem gostar de ter a oportunidade de fazer algo novo. Assim, anuncia a nova vaga e convida qualquer pessoa da empresa a candidatar-se (inclusão).
Não se limite a cumprir, acrescente valor
A DEI no local de trabalho evoluiu para além das formas tradicionais com que estamos mais ou menos familiarizados – existem várias camadas. E sem abordar estas camadas, as empresas perderão talento.
Os efeitos da DEI no sucesso e desempenho empresarial
De acordo com a Deloitte, as organizações com DEI no local de trabalho têm:
- 6x mais probabilidade de serem inovadoras
- 6x mais probabilidade de anteciparem a mudança
- 2x mais probabilidade de atingirem ou excederem os seus objetivos financeiros
Porquê criar um local de trabalho com DEI?
- 51% das empresas dizem que a DEI aumenta o envolvimento dos colaboradores
- 44% dizem que aumenta a inovação e a agilidade
- 33% dizem que melhora o serviço ao cliente
- 29% dizem que melhora a sua capacidade de adquirir talento
- 27% dizem que aumenta a capacidade organizacional
Onde está Portugal em tudo isto?
Embora a economia, as empresas e a sociedade tenham feito progressos significativos ao nível da DEI, ainda há trabalho a fazer.
A COVID-19 trouxe para a ribalta a importância da DEI no local de trabalho – especialmente em ambientes de trabalho híbridos.
De acordo com um estudo desenvolvido pela RHMagazine com a Sair da Casca, em outubro de 2021, 55% das empresas portuguesas não tem uma política de promoção da diversidade e inclusão, sendo que a igualdade de género está no topo das dimensões mais relevantes dos inquiridos. Acresce a estes dados que 58% diz não integrar critérios de diversidade na seleção de fornecedores.
Concentrar-se mais na equidade
A melhor parte da diversidade é que temos um arsenal de competências, ideias e perspetivas diferentes que podemos aproveitar. Mas não basta ser diversificado, precisamos de colocar as pessoas certas nas posições certas , dar-lhes oportunidades iguais e recompensar o seu sucesso.
Não, não somos todos iguais, e nunca seremos, mas esse é exatamente o objetivo da diversidade. Precisamos de compreender e desenvolver as pessoas de acordo com as suas capacidades e desempenho naturais.
A questão é que já sabemos que Portugal é diverso, tornando quase impossível não ter uma mão-de-obra diversificada. Portanto, é tempo de deixarmos de incorporar meramente a diversidade e de nos concentrarmos na equidade.
Desta forma, os donos das empresas são mais propensos a contratar pessoas que beneficiam o resultado final e impulsionam a necessidade de crescimento e desenvolvimento dos colaboradores.
Como pôr em prática a equidade
1. Dar prioridade à igualdade salarial
Sim, é um cliché, mas isso é porque ainda não está a ser totalmente priorizado. Então, como se dá prioridade à igualdade de remuneração? Determinando os salários de acordo com o desempenho dos colaboradores, o cargo e os salários da indústria, independentemente da diversidade. Ser transparente com os salários, determiná-los razoavelmente e ter cuidado com os preconceitos que se infiltram na equação.
2. Promover oportunidades equitativas
Dê aos seus colaboradores o apoio e os recursos de que necessitam para avançarem nas suas carreiras. Quando surge uma promoção, ignore os perfis demográficos dos candidatos e olhe apenas para o seu desempenho e valor para a empresa.
3. Aposte na melhoria das qualificações sempre que possa
Muitos colaboradores têm o potencial para avançar, mas não os meios. Quando investe na educação e formação dos seus colaboradores, não só a capacita intelectualmente, mas também lhe permite obter as oportunidades que merecem.
4. Competências versus educação
Em vez de se concentrar apenas nos candidatos com educação formal, concentre-se nas competências e na experiência profissional anterior. Pode igualmente melhorar as qualificações dos seus colaboradores atuais que não possuem diplomas e capacitá-los para alcançar o sucesso académico.
5. Incentivos inclusivos
A partir do momento que implementa incentivos financeiros ou baseados no reconhecimento, os seus colaboradores têm muito mais probabilidades de ter um bom desempenho e de atingir os objetivos da empresa. Quando premiar os seus colaboradores, certifique-se de que a estrutura de incentivos é justa e igualitária e leva em conta as preferências e circunstâncias individuais.