Como conseguir uma vantagem competitiva na indústria alimentar e das bebidas por meio da análise de dados – Parte 2
Compreender as alterações às necessidades alimentares
Na primeira parte deste artigo falamos sobre o contexto em que se desenvolve, neste momento, a indústria alimentar e de bebidas. Um dos desafios prende-se com a rápida mudança nos hábitos de consumo. O cliente está mais exigente a nível nutricional, pelo que os fabricantes de comida também precisam de ter em conta as alterações às necessidades alimentares.
Atualmente, 64% da população mundial exclui certos alimentos da sua dieta e, como tal, os fabricantes precisam de adaptar os seus produtos, para que os retalhistas disponham de mais opções feitas à medida das necessidades dos clientes.
Markus Stripf é o cofundador e administrador executivo da Spoon Guru, um negócio que trabalha com empresas como a Tesco para oferecer opções de comida que sejam adaptadas às necessidades nutricionais dos clientes.
«Nos tempos que correm, devíamos ser capazes de responder às necessidades das pessoas, independentemente de se elas sofrem de alergia a frutos secos, se são veganas ou se simplesmente preferem opções mais saudáveis. Temos de facilitar a vida aos clientes no que diz respeito às suas necessidades individuais e específicas, aos seus gostos e preferências.»
«A boa notícia é que estamos a assistir a um influxo de inovação, desde os fabricantes de comida vegana [como a Beyond Burger e a Impossible Burger], aos supermercados que investem muitíssimo em inteligência artificial, para estarem mais bem posicionados para oferecer serviços altamente personalizados aos seus clientes, monitorizando-os em diversas plataformas.»
No entanto, Markus acredita que os retalhistas que têm dificuldades com os serviços de comércio pela Internet representam um entrave à inovação, ao atrasarem os ciclos de desenvolvimento. Acrescenta ainda: «Não têm qualquer capacidade de recolha de dados para perceberem as preferências e os gostos alimentares dos clientes, quanto mais conhecimento para oferecerem serviços personalizados e direcionados.
Se eu só tiver comprado comida vegetariana nos últimos 10 anos, por que razão continuam a enviar publicidade sobre o peru de Natal? É irritante para mim enquanto consumidor e um completo desperdício de espaço, do ponto de vista publicitário.
A segmentação dos consumidores [até ao indivíduo], aliada à capacidade de inferir quais são as preferências do consumidor a partir das suas interações, implícitas e explícitas, com um retalhista em diferentes canais, é o futuro do comércio a retalho. Só não sei quanto tempo falta para lá chegarmos.»
De que forma pode a análise de dados sobre alimentos e bebidas ajudar
Mesmo que os retalhistas ainda tenham muito trabalho pela frente, há muito que os fabricantes de alimentos e de bebidas podem fazer. Graças à Indústria 4.0., estão a começar a conhecer o imenso volume de dados que os produtos geram e a perceber que as suas operações diárias podem ser transformadas em conhecimento – o que lhes oferece uma vantagem competitiva por via de informações acionáveis, da ineficiência e das melhorias a introduzir.
Uma solução ERP pode ajudar, gerindo dados operacionais e complexos para fornecer aos executivos e aos trabalhadores os meios para relacionarem as operações táticas do dia-a-dia e os objetivos estratégicos – o que passa essencialmente pela digitalização das operações e pelo aproveitamento desses dados.
As empresas bem-sucedidas oferecem ferramentas para tornar os dados em matéria acionável, de acordo com Aberdeen:
Fonte: Os dados impulsionarão o futuro da produção alimentar, Aberdeen Group
A partir daqui a análise de dados pode dar aos administradores a informação de que precisam para tomar as decisões certas, no momento de decidir a estratégia empresarial para futuro. As aplicações que fazem sínteses dos dados de várias empresas podem ajudar as empresas do setor alimentar e das bebidas a planearem as aquisições, a produção e a manutenção.
Garantir a qualidade e a conformidade
As empresas do setor alimentar e das bebidas precisam de gerir as alterações às exigências dos consumidores e as pressões competitivas, mas também precisam de garantir que acertam nos básicos – como a conformidade em relação aos regulamentos atuais e futuros e a prevenção das recolhas de produtos, segundo o Aberdeen Group. Em 2016, pediu-se aos fabricantes do setor alimentar e das bebidas que selecionassem as duas principais pressões de que sofriam.
Fonte: Planeamento de Recursos Empresariais Atualizado dos Fabricantes do Setor Alimentar e das Bebidas para Garantir a Qualidade e a Conformidade
Nos Estados Unidos, a Lei de 2011 relativa à Modernização da Segurança Alimentar obriga as empresas a concentrarem-se na prevenção da contaminação, e não só na sua contenção, o que levou os fabricantes a mudarem a forma como desenvolvem os seus produtos alimentares e como adquirem materiais.
Isto é um acrescento aos padrões globais, criados para melhorar a visibilidade de uma cadeia de fornecimento em constante mudança, ameaçando o incumprimento com multas.
Problemas dos regulamentos de abordagem uniformizada
Os fabricantes do setor alimentar e das bebidas são aconselhados a olhar com atenção para a tecnologia que utilizam e a perceber se esta é suficiente para apoiar as melhores práticas em matérias como a rastreabilidade e a qualidade dos produtos, para apoiar os requisitos regulatórios, bem como para oferecer recursos tecnológicos, como a análise de dados em nuvem, para o tratamento das necessidades e gostos variáveis dos consumidores.
Isto pode significar que é necessário atualizar os sistemas de Planeamento de Recursos Empresariais, no sentido de abrir portas a novas potencialidades tecnológicas. O gráfico infra mostra os progressos que podem ser feitos, com apoio no domínio das margens apertadas, das preferências em mutação dos clientes, do aumento dos regulamentos e das complexas cadeias de fornecimento.
Fonte: Planeamento de Recursos Empresariais Atualizado dos Fabricantes do Setor Alimentar e das Bebidas para Garantir a Qualidade e a Conformidade
Transforme-se num fabricante de alimentos e de bebidas orientado pelos dados
O fabrico de alimentos e de bebidas está cada vez mais complexo, e parece que uma forma de as empresas não só sobreviverem como também serem bem-sucedidas é fazerem uso da análise de dados.
Os produtos de qualidade e a eficiência operacional sempre foram muito importantes, mas um fator diferenciador crucial passará por aproveitar os dados para conquistar e manter uma vantagem sobre os concorrentes.
Qual é a chave para o sucesso? Abraçar a tecnologia e a inovação, adaptar as capacidades e transformar digitalmente a sua empresa, para se deixar guiar pelos dados, para estar mais ligado e para ser mais eficiente.
Indústria Alimentar
A Transformação Digital na Indústria Alimentar e das Bebidas – Estudo IDC