Big Data ou Small Data?
Diz-se que informação é poder e a verdade é que nunca, como agora, tal assenta, ‘como uma luva’, no mundo dos negócios. Com a evolução digital e tecnológica e a existência de recursos como os smartphones e a Internet, a cada segundo que passa é gerado um volume astronómico de dados em todo o mundo. Para as empresas, esta torrente de ‘data’ pode, se bem gerida e trabalhada, resultar em excelentes oportunidades de negócio e de crescimento.
Neste mundo não isento de polémica, a forma e a dimensão dos dados com que se trabalha permite identificar dois grandes grupos: Big Data e Small Data. Nesta altura, são já muitos os que advogam que as empresas devem progressivamente abandonar a lógica dos Big Data e apostarem em Small Data.
Big Data vs Small Data
Quando falamos em Big Data, em causa estão grandes volumes de dados, estruturados ou não, a partir dos quais podem resultar informações geradoras de valor para os negócios. Quanto maior a conectividade entre diferentes hardwares, maior o número de dados potencialmente gerados.
A geração de valor para as empresas obtém-se através da recolha e análise dos dados e, com a informação obtida, em teoria é possível uma tomada de decisões mais direcionada e informada, a realização de ajustes de estratégia e um melhor conhecimento dos mercados em que se atua. A informação provém de diferentes origens, caso dos bancos de dados, da ‘cloud’, do histórico de operações realizadas pelos clientes, entre outras.
Pelo facto de estarem em causa grandes volumes de dados, de diferentes naturezas, e de ser necessária uma grande expertise e velocidade para os trabalhar, não raras vezes só as empresas com mais poder de investimento conseguem tirar partido dos Big Data.
Já no que diz respeito aos Small Data, trata-se da análise de um conjunto de dados de volume e formato bem mais reduzido.Tais dados resultam sobretudo das pequenas pistas que utilizadores e consumidores deixam através dos seus comportamentos e que, para muitos marketeers, podem ser o ponto de partida para se detetar valiosas oportunidades de negócio.
Não implica a gestão de grandes quantidades de informação, o uso de grandes sistemas tecnológicos ou o recurso a sofisticados algoritmos, sendo possível, utilizando ferramentas acessíveis, processar e analisar dados que trarão grandes vantagens. Nomeadamente para empresas de menor dimensão, ou seja, PME. De forma mais simples, é possível retirar informações precisas e de qualidade sobre o comportamento dos consumidores.
Se nos Big Data se analisa comportamentos para extrair padrões preditivos de novas necessidades e tendências, nos Small Data não é de quantidade que se trata, mas sim de uma análise predominantemente qualitativa. Neste último caso, os dados já estão estruturados e prontos para serem analisados, em Big Data trata-se de interpretar informações que podem, ou não, estar estruturadas e arrumadas.
Dos Big Data extraem-se correlações entre dados e eventos, enquanto em Small Data se estudam as causas e contextos de determinados comportamentos.
Deve a aposta ser cada vez mais em Small Data?
Diferentes especialistas nesta área têm vindo a defender que as empresas ‘abandonem’ o modelo Big Data e passem a apostar em Small Data, argumentando que este último permite análises mais cirúrgicas – passíveis, portanto de resultar em mais valor -, ao mesmo tempo que reduz consideravelmente a dependência de grandes volumes de dados. Esta menor complexidade permite uma certa ‘democratização’ do estudo dos dados.
Acresce que, para os peritos, eventos como a pandemia só comprovam que grandes volumes de dados, referentes a circunstâncias passadas, rapidamente se podem tornar obsoletos, afetando a qualidade do trabalho da Inteligência Artificial e do Machine Learning.
Com a abordagem Small Data, trabalha-se com menores volumes de dados e pode vir a obter-se informação sobre aspetos como as necessidades dos clientes e a antecipação de tendências, sobre a dimensão de um determinado mercado onde se quer atuar, sobre como melhorar a experiência dos consumidores ou para averiguar quanto estão dispostos a pagar.
Com Big Data ou Small Data, vários analistas identificam ainda grandes fragilidades nas empresas relacionadas com o correto tratamento de dados. A maioria das empresas, referem, não obtêm ainda o retorno possível do uso deste recurso, por não saberem nem como fazê-lo de forma eficiente nem a quem compete essa responsabilidade. E há ainda muita informação que se ‘perde’ por não existirem bons sistemas e abordagens sobre como trabalhar os dados com eficiência e resultados.
Por mais que todas apregoem os enormes méritos da existência de um grande volume de dados, muitas empresas têm ainda um longo caminho a percorrer até que os benefícios ambicionados sejam efetivamente uma realidade.