A importância de nos ajustarmos à mudança num mundo global: Como podemos preparar-nos para o futuro?
O mundo está cada vez mais global e muda a todos os segundos que passam, as organizações têm de estar atentas aos eventos que se passam no seu contexto.
O mundo está cada vez mais global e muda a todos os segundos que passam, as organizações têm de estar atentas aos eventos que se passam no seu contexto, quer ao nível interno, quer ao nível externo, para serem defensivas, competitivas e inovadoras no presente e preparem o caminho para o futuro.
Quando falamos em futuro, falamos em mudança e transformação, porque a mudança é o que faz o futuro ser diferente do presente e do passado. Alterações nos mercados e nos negócios acontecem fruto de mudanças nas forças que existem ao nível local, nacional ou mesmo mundial.
«O passado deve servir para evidenciar as nossas falhas e dar-nos indicações para o progresso do futuro»
Henry Ford – Empreendedor
Uma força é algo que não se vê, mas sente-se! O vento não se vê, no entanto, é capaz de mover folhas e ramos de árvores, quando sopra muito forte pode tornar-se devastador. O mesmo acontece com a gravidade, os objetos caem, mas ela não se vê, se existir ausência de gravidade os objetos pairam no ar!
Ao nível dos negócios existem forças, umas que afetam o negócio de forma positiva e outras de forma negativa, não as podemos ver, contudo, conseguimos identificar os impactos que causam na nossa organização.
Eventos que ocorram podem ter impacto positivo ou negativo, alto ou baixo. Podem causar impactos sérios na organização, enquanto há outros que são apenas rotineiros.
Compreender a sua relação com o negócio é um ponto determinante para manter a sustentabilidade da organização no presente e no futuro. Existem empresas que prosperaram porque estavam preparadas para o que se poderia vir a passar, outras sucumbiram porque não tinham nenhum plano de atuação.
“Aprendemos a vencer quando somos derrotados”
Simon Bolivar – ex-presidente Grã-Colombia
A Blockbuster era uma empresa mundial com um modelo de negócio inovador e revolucionário de aluguer de filmes, não se preparou para a nova era de plataformas digitais, declarou falência em 2010.
Outra empresa que chegou a ter o mundo a seus “pés” foi a Kodak, esta falhou na perceção que as fotografias digitais iriam transformar o mundo da fotografia em conjunto com novos equipamentos digitais, em 2012 declarou falência.
Em 2010, Portugal iniciou uma crise económica que levou várias indústrias à recessão, entre elas a imobiliária e a construção civil. A depressão financeira foi tão elevada com a banca a reestruturar-se e a reduzir de forma drástica os empréstimos a empresas e particulares, que muitas empresas de construção não estavam preparadas para o fenómeno e acabaram por falir.
Também, segundo a Associação Nacional de Farmácias, em Portugal, entre 2012 e 2017, uma em cada cinco farmácias pedia insolvência ou penhora, fruto de eventos económicos, políticos e sociais que acabaram por pressionar o negócio das farmácias, levando à necessidade de se reestruturarem e traçarem planos de ação para ultrapassarem estas dificuldades.
Todas estas empresas aprenderam com a experiência das situações pelo qual passaram, pela adaptação que tiveram de fazer, umas vezes, atempadamente, outras vezes tarde demais.
O contexto e as suas variáveis são forças importantes, determinantes que devem ser identificadas e que têm de ser tidas em conta quando se tem um negócio aberto. Os riscos e as oportunidades têm de ser avaliadas com uma frequência regular, de modo, aquando necessário:
- Redirecionar a estratégia
- Adaptar as operações aos novos contextos
- Criar planos de contingência.
Os eventos podem ser antecipados, porque são recorrentes no tipo de negócio onde operamos, porque são cíclicos no tempo, ou porque são recorrentes na localização.
É por isso que quando estamos atentos ao contexto que nos rodeia, estamos atentos ao que pode ocorrer, e criamos um mecanismo, mesmo que seja mental, em que estamos vigilantes às forças que podem surgir, porém, os impactos podem ser grandes ou pequenos, positivos ou negativos, por isso temos de ter em conta e delinear:
- Que tipo de eventos podem ocorrer?
- Como reconhecemos e definimos os impactos?
- Quais as ações a tomar?
No desenvolvimento do negócio, existem eventos passados, presentes e os futuros, e estes últimos podem moldar a sustentabilidade e a direção da nossa organização. Por esse motivo, temos de ter em atenção aos seus diversos tipos e ao que eles representam para nós, tais como:
Eventos de grande mudança e inflexão – Aqueles que mudam a direção ou a natureza dos negócios, p.ex.:
- Chegada de computadores portáteis ao mercado
- Chegada de máquinas fotográficas digitais
- Desenvolvimento e crescimento da internet
- Criação de telefones móveis.
Eventos Legais – Baseados em questões regulamentares, leis e/ou legislação, p.ex.:
- Ser processado
- Aumento ou diminuição de impostos
- Leis de exportação e importação de produtos
- Atividades impostas por novos processos regulamentares.
Eventos intencionais – Baseados em decisões deliberadamente intencionais para atingir objetivos futuros, p.ex.:
- Criar planos de negócios e marketing
- Criar novas linhas de produtos
- Abrir novas lojas
- Desenvolver mercado digital
Eventos inesperados – Baseados em decisões que provocam consequências não esperadas, p.ex.:
- Perda e/ou aquisição de clientes importantes
- Perda ou aquisição de colaboradores ou advisors
- Acidentes que possam ocorrer
- Novos contratos inesperados
Eventos Wild card – Aqueles que têm uma probabilidade baixa de ocorrer, no entanto, quando ocorrem têm um impacto enorme no negócio, p.ex.:
- Epidemias
- Sismos
- Fogos
- Conquistar um contrato multimilionário
Não podemos estar preparados para todos os acontecimentos que ocorrem, nem para todas as pressões que o mercado nos coloca. Tendo em conta a nossa visão e estratégia de negócio, é mandatário que se faça uma análise de impacto (baixo, médio ou elevado), positivo ou negativo, sobre os factos que são mais importantes e podem alterar o curso do nosso negócio.
Após a análise de impacto, ficamos conscientes não só dos riscos, mas também das oportunidades e dos desafios que podem surgir caso os eventos ocorram. Ao longo dos anos, empresas “sobrevivem” ou assistem ao seu declínio fruto de pressões, internas ou externas, à organização.
Os planos de ação e de contingência devem ser delineados ao longo do tempo de modo que as empresas, os seus colaboradores e os seus clientes se sintam preparados e possam agir de acordo com as necessidades e com os processos definidos.
Se a atividade de análise e prevenção for elaborada acabamos por gerar uma capacidade de desenvolver continuamente a nossa estratégia de longo prazo, ao mesmo tempo, podemos criar mecanismos de prevenção e ataque operacional fruto desta análise de oportunidades, ameaças, ocorrências e forças de mercado, sejam locais, nacionais ou globais.
O mundo está cada vez mais volátil, ambíguo e complexo, as múltiplas ligações entre países, fornecedores, distribuidores, clientes, governos e os próprios recursos naturais, leva a que as empresas e os mercados necessitem de se reinventar todos os dias, de se prepararem operacionalmente a todo o momento para o que pode vir e criarem processos, inovadores e sustentáveis, que suportem a estratégia, previnam as crises e impulsionem o negócio.