A importância das medidas de controlo de negócio
Uma empresa não é uma ilha, imune às mudanças à sua volta ou ao impacto de um acontecimento inesperado. Por isso mesmo, é necessário ter-se sempre presente que nada é estanque, o que significa que a estrutura de gestão e as suas equipas deverão ter flexibilidade para reagir com eficácia aos imprevistos – positivos ou negativos – e garantir, na medida do possível, que os planos de negócio contemplam estes ‘imponderáveis’. Esta ‘ginástica’ na gestão implica, por exemplo, que as grandes decisões estratégicas tenham em conta alterações inesperadas.
Uma decisão adequada num dado momento pode tornar-se inoportuna se surgirem circunstâncias imprevistas que alterem o cenário ou acontecimentos que, ainda que imagináveis, se considerava terem baixa probabilidade de ocorrer. Acresce que uma boa gestão não é a que nunca comete erros – ninguém está isento de falhar – mas sim a que consegue responder adequadamente aos percalços quando eles surgem.
Por isso mesmo, há que considerar aquando da definição de planos relevantes para a empresa, que poderá haver erros ou imprevistos por forma a perceber, também, qual a margem de correção. Ou seja, até que ponto é que se podem ajustar medidas sem que tal ponha em causa a sustentabilidade da empresa ou os objetivos do negócio.
Por outro lado, ter mecanismos de controlo do negócio não deve ser sinónimo de rigidez. Sim, ter ‘balizas’ e garantias é importante, mas há que ter alguma margem de manobra, precisamente para responder aos desafios.
Até porque, se é verdade que os imprevistos sempre existiram, nos tempos atuais tudo muda muito mais depressa e há muito de imprevisível no que possamos perspetivar.
Concordando-se então que uma empresa deve contemplar alguma margem de correção, eis o que há que ter em conta:
Liberdade de atuação
Quando tomamos decisões que afetam a margem de correção da empresa, há que perceber se estas aumentam ou, pelo contrário, reduzem a nossa liberdade de atuação e como.
Dimensão temporal
Para ajudar a calendarizar uma dada medida, há que tentar perceber qual o período em que a nossa margem de correção estará afetada e quanto tempo se estima que dure o processo de correção. Será rápido? Terá de ser gradual?
Custos de transição
Mudar alguma coisa numa empresa, mesmo que na expectativa de algo melhor, pressupõe custos de transição.
Não é só a empresa que tem de se adaptar
É fundamental ter-se a noção de que os nossos interlocutores tão pouco são indiferentes à mudança. Antecipar o que poderão ser as reações dos diferentes stakeholders (trabalhadores, clientes, fornecedores) poderá ser a enorme vantagem. Ajustes na forma como comunicamos e implementamos algo, pode ajudar a minimizar eventuais resistências ou reações mais negativas e menos cooperantes e, assim, conseguir um melhor outcome e adesão ao processo de mudança em causa. E isto vale quer para trabalhadores, quer para outros interlocutores da empresa. Por exemplo, de forma a conseguir uma resposta mais positiva do mercado ou prevenir eventuais rejeições às correções e alterações de pressupostos.
Olhar para fora não significa esquecer os que compõem a empresa e asseguram o seu funcionamento. Quer isto dizer que, à parte a questão das resistências internas, é fundamental que os departamentos competentes estejam na posse de toda a informação necessária e entendam o que está a mudar para que todos estejam o mais alinhados possível com a mudança, sem entropias desnecessárias ou efeitos colaterais indesejados. Os momentos de transição e correção já significam, por si só, o ‘abalar’ de algo no funcionamento da empresa. Convém prevenir contratempos evitáveis. Assim sendo, é fundamental que cada um compreenda o seu papel na mudança e os efeitos sobre os demais.