A robotização da logística
O recurso a tecnologias inteligentes, como a robótica e a Inteligência Artificial (IA), é cada vez mais comum na área da logística. Estas ferramentas têm vindo a revelar-se cruciais na otimização das atividades de armazenamento e logística.
O recurso a tecnologias inteligentes, como a robótica e a Inteligência Artificial (IA), é cada vez mais comum na área da logística. Estas ferramentas têm vindo a revelar-se cruciais na otimização das atividades de armazenamento e logística.
A gestão das operações em armazém constitui uma atividade complexa e exigente e tem estado cada vez mais sob pressão fruto de circunstâncias como o crescimento do comércio eletrónico, a escassez de mão de obra disponível (sobretudo especializada) e o facto de este tipo de trabalho ser muito consumidor de recursos humanos, consequência da predominância de tarefas de mão-de-obra intensiva. Aos trabalhadores é exigido que realizem tarefas como a separação individual, o embalar e o envio, item a item.
A forte pressão trazida pelo crescimento do comércio eletrónico, por exemplo, tem-se refletido não só numa maior procura, mas também em clientes mais exigentes quanto à rapidez nas entregas, à qualidade do serviço e à disponibilidade de stocks. A pandemia teve um impacto profundo e transformador na atividade dos retalhistas, fabricantes e cadeias de fornecimento.
Por outro lado, pese embora a produção industrial esteja a voltar lentamente aos níveis pré-pandémicos, boa parte das empresas e respetivos fornecedores ainda lutam para dar resposta aos crescentes níveis de procura. Este disparar do recurso a tecnologias como a robótica não foi iniciado pela Covid-19, mas esta foi claramente um acelerador, ao ponto de podermos falar de um antes e de um depois da pandemia neste setor.
A guerra na Ucrânia e o negativo contexto económico atual trouxe ainda uma escassez em grande escala de materiais essenciais, a pressão sobre os prazos de entrega, preços crescentes das matérias-primas e os desafios no transporte de produtos estão a ter um grande impacto em todos os segmentos de produção.
O que são robots de logística
Quando falamos do uso de robots na logística, referimo-nos, no essencial, ao processo de armazenamento e mobilização de produtos à medida que são deslocados dentro da cadeia de fornecimento. São utilizados principalmente em instalações de armazenamento e depósito para organizar e transportar produtos. Permitem, por outro lado, que se consiga atingir velocidades de realização das tarefas muito superiores ao que seria possível conseguir com o trabalho manual, o que contribui para ganhos de rentabilidade e produtividade.
Existem os tradicionais AGV – Automated Guided Vehicle, robots que começaram por ser a única opção para automatizar as tarefas de transporte interno. Trabalham em caminhos predefinidos, manobrando produtos para armazenamento dia e noite, ajudando a simplificar as cadeias de logística e minimizando custos. São particularmente utilizados em grandes estruturas, onde é necessário realizar entregas de materiais de forma consistente e repetitiva. O investimento inicial nesta tecnologia é considerável, o que significa que tende a ser suportado sobretudo por empresas cuja estrutura financeira suporte grandes custos iniciais e lentos retornos do investimento.
Os AMR (robots móveis autónomos), que – graças ao ‘machine learning’, à Inteligência Artificial e à visão computacional para navegação -, permitem a realização de tarefas sem intervenção humana, são uma tecnologia mais sofisticada, flexível e económica.
Os drones aéreos também estão incluídos nesta nova gama de ‘trabalhadores’ tecnológicos que, nesta área da logística, ajudam a otimizar os processos de inventário do armazém, de forma mais rápida e precisa, e transmitir informação para uma melhor gestão de stocks. Não requerem lasers ou marcadores para os guiar, nem ocupam espaço em armazéns, e podem viajar rapidamente e chegar a locais de difícil acesso. A inovação não se fica, claro, por aqui, existindo outras tecnologias de robótica ao serviço da logística como é o caso dos robots de ASRS (‘Automated Storage and Retrieval Systems’) e de outros.
Depois, há ainda outro tipo de tecnologia de robótica que são os cobots ou collaborative robots, que, em lugar de substituir os seres humanos na realização de tarefas, trabalham ao lado dos mesmos. Graças aos avanços significativos da tecnologia de visão e sensores, os cobots operam com segurança e sucesso ao lado de humanos sem a necessidade de barreiras físicas entre eles.
Vantagens da robotização no reforço da eficiência
As tecnologias de automação e robótica aplicam-se e são úteis numa vasta gama de áreas dentro das operações de logística. Em alguns casos, o uso de robots é o mais apropriado. Noutros, têm de ser os cobots o recurso a utilizar. Entre as tarefas onde podem ser úteis estão: a separação de itens, a embalagem e personalização de produtos, o transporte de intransferíveis, o manuseamento de mercadorias durante a carga ou descarga, a gestão de stocks, o transporte de mercadorias, a separação e categorização de mercadorias, a transferência de inventário e a otimização no envio e entrega de encomendas
O seu uso não só substitui a mão-de-obra em inúmeras tarefas como traz vários benefícios acrescidos.
Os robots não precisam de nenhuma entrevista de emprego ou de um bom currículo para trabalhar, já que podem simplesmente ser programados para realizar as tarefas necessárias. Ajudam a aumentar a eficiência e rentabilidade graças ao melhor controlo do erro humano nas operações de logística.
Têm ainda a vantagem adicional de proteger a mão-de-obra humana do risco de lesões, da realização de tarefas monótonas e repetitivas, perigosas, que implicam grande esforço físico e são por vezes pouco higiénicas. Com isso, os trabalhadores ficam livres para a realização de outro tipo de tarefas que exigem competências como a resolução de problemas, a capacidade de raciocínio e a criatividade.
As empresas podem configurar cada robot de forma personalizada consoante as tarefas a realizar e o seu grau de complexidade e as entregas tendem a ganhar em precisão e agilidade. Pela via da conexão remota entre os vários dispositivos, são ferramentas que permitem otimizar a gestão e articulação das diferentes tarefas e operações.
Com todas estas transformações e chegada em força da inovação tecnológica ao mundo da logística, as empresas deste setor têm de acautelar e apostar na obtenção de conhecimento e formação, no investimento financeiro na área e na adaptação das equipas, da estratégia e das políticas de gestão a esta nova realidade. Sob pena de perderem em competitividade.
E, ainda que a aposta financeira inicial possa ser exigente, o retorno tende a ser muito significativo, numa altura em que, quem não se adaptar à automação, arrisca-se a perder seguramente para a concorrência e ver, no limite, posta em causa a sua viabilidade.