Mercado de trabalho: um imprevisível mundo novo
Ao contrário do que aconteceu ao longo de várias gerações, hoje dificilmente as pessoas se manterão no mesmo local, na mesma profissão ou na mesma função durante toda a sua carreira profissional. Para começar porque muitas das profissões do futuro estão ainda por ser criadas. O mundo está a mudar a uma velocidade elevada, com a inovação tecnológica e a automação no centro deste novo mundo, com consequências, ainda imprevisíveis, para o tipo de trabalho que o ser humano continuará a desenvolver. Há quem tema que não haverá trabalho para toda a gente, da mesma forma que outros dizem que se está a dramatizar em demasia.
Responder a este novo mundo implica, em muitos casos, apostar na aquisição ou reforço de competências na área das novas tecnologias, algo que, para as gerações mais novas, é já um dado adquirido. Mas é já percetível que não é apenas aí que o trabalhador do presente e do futuro terá de se adaptar. São muitos os especialistas em recursos humanos que dizem ser fundamental que se aposte no desenvolvimento de valências como a flexibilidade e as capacidades adaptativas face a um mercado de trabalho em tão constante mudança.
‘Soft skills’ versus ‘Hard skills’
Um estudo realizado não há muito tempo pela Google revelou que cada vez mais o que as empresas procuram não são os técnicos puros, nem necessariamente as pessoas com maior ‘bagagem’ em termos de qualificações ou formação académica, mas sim aqueles que contam com competências interdisciplinares e de trabalho em equipa, capacidade de comunicação e empatia e, lá está, um perfil adaptativo e focado na resolução de problemas. Por oposição a um conhecimento muito profundo, mas estático – as chamadas ‘hard skills’ – são ‘soft skills’ como a criatividade e a inteligência emocional as características ‘vencedoras’.
No fundo, o crescimento da automação leva a que se comece também a pensar em apostar em tudo o que são competências que não sejam passíveis de ser substituídas por robots. No fundo, e de uma forma quase caricaturada (mas não completamente), o ser humano terá de ‘justificar’ a manutenção do seu posto de trabalho, ou seja, terá de demonstrar que há funções e competências que as máquinas jamais conseguirão igualar.
O mercado do trabalho no curto prazo em Portugal
Ainda assim, tenhamos nós uma visão mais negra ou mais otimista do futuro do mercado de trabalho, estão bem identificadas pelas empresas de recrutamento as competências e as profissões que, à data de hoje, são as mais procuradas em Portugal. E, por ora, é essa a realidade palpável com que há que lidar.
As tecnologias de informação, o marketing e vendas, o retalho, os serviços ou a hotelaria e serviços estão entre as áreas onde são expectáveis mais contratações. Funções como a de programador, head of digital ou key account manager estão entre as mais solicitadas.
Há depois setores de atividade onde há mais emprego nesta altura, caso dos recursos humanos, do turismo, da construção e do imobiliário, do direito (nomeadamente em áreas como a proteção de dados) ou das novas tecnologias. Algumas destas solicitações refletem, claro está, o estado atual da economia portuguesa, em que o turismo, por exemplo, tem vivido um crescimento fulgurante. Noutras adivinham-se os primeiros sinais do que será o futuro.